Resultado da Dupla-Sena 1257 dia 21/02/2014

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

CENSURA DE CABÔCLO POESIA DE LUIZ BEZERRA (LINGUAGEM MATUTO)

 Seu doutô hôme da lei, dê licença eu proguntá: Seu doutô eu vim aqui, mode o Sinhô me inspricá Uma coisa qui eu num intendo, mas todo dia eu tô vendo o povo nela falar Quero saber se ela inziste e saber donde ela tá.

Seu doutô! mercê me insprique, estas coisas que eu não sei, me diga o que é justiça e me esclarêssa o que é lei!

Se justiça é coisa séria, ou intonce é nome fêi! Seu doutô dêrna eu minino, que eu ôiço o povo falá, nessa tá dona justiça e nas leis nacioná, qui dão segurança a gente e castiga a quem errar.

Mas seu doutô me descupe, o meu franco linguajá, eu ando meio confuso sem pudê acreditá, nessa lei nessa justiça, que tanto se ouve falá;

Sabe pruquê seu dotô? Pois todo dia os ladrão continuam a nos robar! É assalto à mão armada, é criança desonrada moça sendo estrupada, é tanta barbaridade qui me invergonho em falá!

E o pior de tudo ainda seu dotô! É a gente ter qui aceitá que existe dotô formado, dotô de ané no dedo, defendendo os marginá!

Dotô qui insina ladrão, qui insina criminoso pro mode se inocentar! Dotô qui protege assaltante que da fuga os miliante qui nos mata pra robar!

De noite a poliça prende: de manhã muito cedim chega o dotô e defende, dona lei manda soltá.

Seu doutô cadê os hôme que num vê tanta anarquia? Tanta falta de justiça, desafôro e ousadia, tanto crime e tanto assalto, tanta morte todo dia!

Pra qui serve tanta iscola, qui o governo tá pagando? Minino rapaz e moça inté véi tem instudando, é sempre um Deus nos acuda! Quanto mais alguns istúda, mais imbercí ta ficando!

Inté as músga de hoje, é pobre, de melodia a censura liberou, músga com tanta anarquia, versos fêios imoráis, letras de intenção sagaz, cheia de pornografia! Respeito que é bom não se tem, a desorde dominou, em cada esquina um ladrão, assaltante instrupadô; lá na frente um pistoleiro, matando seja quem fôr!

A justiça em obscuro e o povo inseguro, o crime proliferou! Fí num respeita mais pai, certas muié não tem pudô, o nudismo tomou conta e a censura se calou! Dona orde abriu falença, d. lei em decadênça, o mundo degenerô!

Ah! Seu dotô que eu tivesse! O pudê que o siô tem, todo povo brasileiro, ia me querer mui bem, cum a lei ninguém brincava, assaltante num assaltava, instrupadô num instrupava e nem matava ninguém!

Seu Ministro da justiça, tenha de nós piedade! Doutô juiz de direito, abra os ói por caridade, arrepare o nosso mundo, tá repreto de maldade!

Acorda Justiça acorda! Os crimes já estão demais! Tá todo mundo inseguro, ao mundo pedindo paz! As vítimas chamam a justiça e a justiça nada faz!!!

Do Livro Desabafo Nordestino II (autor: Luiz Bezerra), com algumas adaptações.

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